Sou mãe e professora de nativos digitais e, como migrante digital que sou, confesso que esse contato diário com minha filha e meus alunos me ajuda na transição do tempo. Penso que eu e as pessoas da minha geração sentimos uma inquietação por uma vida que parece ser mais rápida do que, de fato, precisamos. As informações e velocidade espantam quem tenha vivido nas décadas de 1980 e 1990. Sendo assim, os jovens têm muito a nos ensinar!
Fico impressionada com todas as habilidades que esses jovens têm com as novas tecnologias: filmam, editam, cortam, fazem “intro”, tiram “intro”, acrescentam imagens e músicas… tudo em questão de minutos. Muitos publicam fotos e vídeos em suas redes sociais e algumas vezes em seus próprios canais. Assim, sem perceber, desenvolvem algumas habilidades exigidas ao profissional do século XXI: comunicação, conhecimento de novas tecnologias, motivação, autonomia, curiosidade, organização, entre outras.
Lançar um canal no Youtube e em alguns meses ganhar notoriedade de artista pop, foi o destino de muitos jovens brasileiros. E todos começaram assim: brincando! Os Youtubers saíram da internet, para a livraria, para a TV aberta e até para o cinema. Eles começaram no site de vídeos e hoje faturam como estrelas internacionais. E alguns deles não são apenas ouvidos, mas venerados por milhões que lotam bienais, estádios, livrarias e teatros. Mas o que eles têm que cativam tanto as crianças e adolescentes?
O segredo para ter um canal de sucesso hoje é apresentar o conteúdo com um diferencial, irreverente, para não ser apenas mais do mesmo. Há que ter a noção que para conseguir sucesso, um Youtuber deve criar algo pessoal, único e, de preferência, com qualidade.
Alguns acreditam que essa é uma moda passageira, reversível. Será? O que pensar de um canal de comunicação que já disputa com a TV a audiência do público, instiga o mercado publicitário e quer cada vez mais ter suas vozes ouvidas. Assim, tento responder à pergunta do título desse artigo: tudo começa com um certo modismo, algumas coisas permanecem, outras somem. Pokémon, Orkut não ficaram! Twitter complementa outras ferramentas digitais, mas não decolou como anunciado. De qualquer forma, creio que os Youtubers vieram para ficar.
Caro leitor, você pode nunca ter ouvido o nome deles, mas não vai fugir dessas celebridades por muito tempo. Os Youtubers são a nova “turma de amigos” de crianças e adolescentes. Têm um lugar diferente da TV e de filmes, pois são modelos para se identificar e buscar exemplos reais, muito mais do que uma banda, ator ou personagens.
Precisamos de heróis, é claro! Mas também de pessoas comuns, reais, humanas. O Youtuber sai do pedestal reservado aos ídolos e se coloca no nível dos jovens, por isso há um universo de pessoas com tempo e vontade para contribuir com essa comunidade. Eles falam de coisas que a criança e o adolescente querem ouvir: comportamento, bullying, aceitação, desilusões amorosas, superação. Tudo com uma pitada de humor e com a tal velocidade exigida no mundo globalizado. Parece que a fama é acessível! Mãos à obra e na câmera!! Quando acredita-se no que faz, quem não quer ser descoberto?